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Um passo nunca vem só

Um passo nunca vem só

A cada meta cruzada, pelo menos, um abraço #57

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A cada meta cruzada, gosto de abraços.

Fui habituada desde cedo, pelo meu pai, a abraçar profundamente, descaradamente, sem pudor, sem vergonha, sem medo de mostrar fragilidade ou mariquice.

O meu pai grande e forte com voz de trovão ensinou-me, sem nunca me ter dito, que o abraço é um hábito dos generosos, dos humildes, dos resolvidos, dos bem amados.

O abraço acalma, o abraço cura, o abraço é cumplice das vitórias e é paliativo das derrotas.

O abraço é para quem pode, não é para quem quer.

Felizes os que sabem a que sabe "o" abraço.

Se te custa correr, porque é que corres? #51

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Isto de correr, tem muito de penar. É verdade e quem disser que não, está a mentir.

 

E por isso é legítima a pergunta: MAS POOOORQUÊEEEEEEEE?

 

A determinada altura todos nos perguntamos isto. E hoje deu-me pra isso. Ia a correr, a penar e a pensar: “porquê?”. Por que raio uma pessoa se submete de livre vontade a tomar uma ação que sabe que lhe vai custar, que lhe sai do pelo. Nem tinha a desculpa de me ter comprometido com alguém, ou de me sentir na obrigação de responder a um objetivo marcado, nada.

 

E cheguei a uma conclusão simples: a isto chama-se ter um propósito.

 - Porque é que vamos estudar (já naquela fase em que o ensino não é obrigatório), sabendo que vamos queimar as pestanas, que vamos fazer serões agarrados aos livros, aos trabalhos?

- Porque é que escolhemos trabalhar, quando podemos viver encostados a alguém, ou ao rendimento mínimo?

- Porque é que nos casamos, se podíamos viver solteiros e não ter de abdicar, nem ceder, nem partilhar?

- Porque é que temos filhos, se podíamos não ter de cuidar de ninguém, nem de limpar cocós, nem de passar noites em claro, nem de andar sempre com o coração nas mãos.

 

Porque temos uma expectativa e temos um propósito.

 

Porque acreditamos verdadeiramente que, de alguma forma, todas estas coisas que não são só rosas, em algum momento nos acrescentam. E com a corrida é igual. Há ali alguma coisa que nos acrescenta. Não é igual para todos, não acrescenta o mesmo, nem de igual forma. Mas acrescenta. Tal como estudo, trabalho, casamento e filhos a corrida traz-nos coisas boas para o corpo e para a cabeça.

 

E enquanto sentimos que o balanço é positivo, perdoamos o mal que sabe pelo bem que faz!

Chegou a hora de fazer… diferente! #38

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Uma paragem de 2 meses para recuperar da anemia e das lesões do desafio de maio serviu-me também para pensar no que viria a seguir.

 

A Rita Barroso, que acompanhou de perto os altos e baixos dos últimos meses, propôs-me aquele que eu acredito que é afinal o meu grande desafio deste ano e que eu aceitei: um plano de treino do Equilibrium Centro Terapêutico!

 

Corro há 3 anos e nunca achei que precisasse de um plano, aliás sempre evitei um compromisso com a corrida que não fosse o gozo que tiro dela e por isso sempre preferi “ir fazendo” do que “ter que fazer”.

 

Embora não tenha ganho muito peso, a verdade é que tenho mais 3 kilos do que gostaria e, pior do que isso, perdi o ritmo e o fôlego: um cágado com asma parece-me uma boa analogia para aquilo que me senti quando voltei a correr.

 

Nesta fase reconheço que um plano me trará vantagens. O objetivo é modesto: recuperar a forma e mais uns “perlimpimpins” (conto depois!)... Quero voltar a fazer trilhos e estrada e quero, principalmente, fazê-los sem me lesionar e a sentir-me bem.

 

O compromisso é, para já, até ao final do ano. 4 meses a seguir uma proposta de treinos, reforço muscular e alimentação…

 

Pode parecer fácil, mas é um desafio gigante. Eu sou uma pessoa determinada mas reconheço, entre as minhas fraquezas, uma dificuldade tremenda em estabelecer rotinas, em fazer as coisas todas direitinhas, by the book. Vão ser 4 meses a lutar contra uma “fura-planos”!

 

E que tal está a correr?

 

O primeiro dia de reforço muscular foi uma anedota… uma tortura chinesa autêntica que deveria ter tido três séries de repetição dos exercícios, não fosse eu ter ficado de língua de fora com a primeira série: para não matar o cágado asmático à primeira, parei por ali.

 

O primeiro treino de corrida também não começou da melhor forma… 1 hora de treino lento… sozinha… um cágado também pode morrer de tédio sabiam? Fiz 45 minutos, auto desculpei-me com o calor e fiquei por ali mesmo.

 

Melhor assim, princípios muito felizes não têm graça nenhuma e não prometem grandes up grades, por isso até acho que começar assim só quer dizer que há muita margem para dias mais felizes: venham eles!

Falha o plano A? O alfabeto é grande à bruta… #32

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O plano A era correr para todo o sempre sem nenhum contratempo, que tal? Era bom, mas é utópico.

 

Contratempo nº 1 uma amiga indesejada ANNE MIA, também conhecida por deficiência de ferro no organismo. Há muitas variantes, muitas causas, muitas intensidades. Os meus resultados são… assustadores. Reservas de ferro quase inexistentes, tudo o que é indicadores bem cá para baixo e de acordo com o médico necessidade de abrandar o ritmo da atividade desportiva.

 

Necessidade de ativar o plano B. Negociei uma dose cavalar de ferro até estar concluído o desafio Évora – Fátima a correr, mediante o compromisso de reduzir as distâncias e o número de treinos após esta data e até estar o diagnóstico devidamente concluído e os níveis dentro do aceitável.

 

Passados que estão 20 dias da chegada a Fátima, ainda não consigo correr. A única tentativa que fiz foi bem esclarecedora do excesso que aquelas 4 maratonas consecutivas representaram para este corpo mal preparado.

 

Necessidade de ativar o plano C. Caminhadas e rolos (bicicleta estática) pareciam ser boas opções para efeitos de recuperação ativa. A primeira tentativa de caminhada (vá, em ritmo passeio no campo) correu bem, mas as duas seguintes (mais ativas) resultam numa moinha na anca e dores absurdas nos tendões de aquiles. As mesmas dores que senti quando tentei correr 11 dias após o regresso de Fátima. A bicicleta estática, no quintal lá de casa… cortem-me os pulsos! Não tenho mesmo paciência nem feitio para estar a olhar para o vazio, mesmo que seja por meia hora.

 

Eis que chegámos ao atual plano D:

- Fazer rolos com companhia/distração, pode ser? Ok. Vamos então até ao Évora Bike Box. Com banda cardíaca metida e em frente ao programa (eu cá adoro jogar Wii, logo achei aquilo o máximo!). Percurso sem grandes subidas, o objetivo é trabalhar as pernas, reforço muscular, dar uso às articulações sem impacto e exercício aeróbico. Posso sempre combinar com as amigas da roda fina um treino, se elas não puderem tenho lá o Gil Santos para me aturar.

 

- Fazer bicicleta ao ar livre. Ok! O objetivo é o reforço muscular, portanto vamos de BTT que até gera maior atrito e tenho mesmo que puxar pela pernoca. Posso sempre acompanhar uns treinos longos dos amigos corredores (e faço umas piscinas para trás e para a frente para meter mais uns km).

 

- Massagens de recuperação. Ok. Programa de massagem de recuperação ativado. Depois de alinhada a estrutura no osteopata, é preciso recuperar os músculos/tendões até que a inflamação desapareça por completo. A Rita no Equilibrium Centro Terapêutico vai tratar dessa matéria.

 

Junto a isto uma alimentação rica em ferro (juro-vos que já deito beterraba & companhia pelos olhos!) e voilá aguardo por melhores dias.

 

Isto para quem correr 3 dias por semana já era tão certinho como beber água tem sido uma adaptação e peras! Sem dramas, sem autocomiseração. As coisas são como são e nada acontece por acaso.

 

Se tiverem que vir os planos E F G H, pois que venham que o alfabeto é grande à bruta.

 

Se antes estava tudo a “correr” bem, agora está tudo “sobre rodas” e amanhã… quando amanhã chegar logo se vê porque de uma coisa tenho a certeza: um passo nunca vem só.

Dias menos bons, quem nunca teve que atire a primeira pedra #30

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Ando triste. Não consigo evitar o sentimento, mas a verdade é que faz parte da vida, e também faz falta. Todos temos momentos menos bons, situações que nos afetam e mal de nós se não formos capazes de as aceitar, de as compreender e de tirar alguma lição daí.

 

 

Há mais de um ano (desde que se começou a falar na vinda do Papa a Portugal) que tenho combinado o desafio Évora – Fátima a correr, em 4 etapas, sensivelmente 40 km por dia. A sugestão surgiu num convívio depois de um treino e nem foi preciso falar muito nisso, é claro que o iríamos fazer.

 

 

A ideia seria um grupo pequeno, com uma logística controlada, dormidas e comidas planeadas, um carro de apoio, traçar uma rota (não necessariamente a dos peregrinos) e pormo-nos ao caminho.

 

 

Cada um dos 6 que vai cumprir este desafio treinaria por si. E foi com o desafio de Fátima em mente que desde o Verão passado me comecei a dedicar aos treinos longos e provas de ultradistância (+44 km). E estava a correr tudo como planeado, até ao trail de Monsaraz…

 

 

Depois desta última prova comecei a sentir as pernas presas nos treinos, um cansaço anormal, dores nas pernas, uma respiração estranhamente ofegante e a sentir-me incapaz de fazer um treino curto dentro daquele que era já o meu ritmo normal e de conforto.

 

 

Resolvi então pedir umas análises para confirmar o meu pior receio, a anemia ferropénica que tinha tido em 2015 está de volta. A notícia caiu como uma bomba, quando o médico me pergunta “com estes valores, não tem tonturas e desmaios, consegue correr?”. Por algum motivo, ainda não identificado, praticamente esgotei as minhas reservas de ferro, sem ferro não há produção de glóbulos vermelhos, há menos hemoglobina e falta oxigénio no organismo.

 

 

Claro está que já estou medicada, com uma dose cavalar. Ando aplicadíssima em mezinhas e numa alimentação que seja rica em ferro e vitamina C e ando a treinar menos para evitar desgaste desnecessário de ferro.

 

 

Mas ando triste, porque reconheço que tenho de abdicar de cumprir o desafio. Vou obviamente acompanhar os meus companheiros de aventura, vou obviamente correr com eles alguns quilómetros, pedalar outros talvez, mas vou ter que desistir do plano inicial, pela minha saúde.

 

 

Depois de Fátima, farei mais exames, uma colonoscopia e uma endoscopia, para despistar causas invisíveis para esta situação, porque aparentemente a única coisa que a justifica será o desequilíbrio entre o consumo insuficiente e o desgaste excessivo por via do exercício físico, aliada ao facto de eu por norma não ter estes valores muito elevados.

 

 

Eu que gosto tanto de desafios, passava bem sem este, mas já que cá está resta-me encará-lo como faço com todos os outros e a dar o melhor de mim, porque posso não ter ferro, mas ainda assim não é fácil vergar.

 

Além disso digam lá se das voltas que a vida dá, a volta por cima não é a melhor que ela pode dar? ;)

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