Passos rápidos #2
Caminhar e correr.
No meu caso começar a correr não foi o resultado de uma opção consciente. Não pensei assim "agora vou dedicar-me à corrida". Foi só um acaso.
A verdade é que precisava de me exercitar. A Maria (2º filho) já tinha 1 ano e meio e a desculpa do "corpo pós parto" já tinha passado largamente da validade.
Em Outubro de 2013 regressei ao trabalho, após a licença de maternidade com nada mais, nada menos, que 72 Kg para a fantástica altura de 1,63 m: deformada, parece-me um bom adjetivo. Em resumo, mais 10 quilos num corpo que com 62 Kg já não era propriamente toda uma elegância e... muito afetada com a minha aparência.
A menina não teve culpa, até porque ela nasceu com 2,230 Kg, no limite devo admitir que durante a gravidez lhe fiquei com o alimento... (ups!).
Outros factos relevantes:
1) Adoro comer (mal): do doce mais enjoativo ou da papa Maizena bem açucarada, à boia de toucinho do cozido, do sumol de laranja, ao esparguete com maionese, e é melhor ficarmos por aqui. Acrescento apenas que não tinha cuidado nenhum nesta matéria e, até certa altura, tive um metabolismo muito meu amigo.
2) A minha "carreira" desportiva tinha ficado enterrada com o ensino secundário. Até entrar para a universidade tinha praticado andebol e ténis de mesa (federada), hipismo, ballet, body building (troquei as aulas de piano, pelo ginásio de culturismo que havia no prédio mesmo em frente), volley de praia (religiosamente durante 3 meses todos os verões desde que me lembro). Com a entrada na universidade o desporto passou a ser coisa que não me assistia. Fiz parte, durante uns meses, do grupo de Capoeira Alto Astral, comecei a trabalhar perdi a disponibilidade. Ainda tentei ir para o ginásio fazer aulas de body combat, mas foi projeto muito passageiro. Fim.
3) A maternidade (felizmente) preenche-nos de tal forma que achamos que não temos de ter tempo para mais nada, que todos os segundos da nossa disponibilidade são devidos àquelas vidas, àquele amor arrabatador e só há uma forma de nos sentirmos merecedoras de tal dádiva: estar, estar sempre, a todo o custo e em quaisquer circunstâncias. Mais do que isso, há uma fase deste enamoramento, que ao mais fugaz pensamento sobre um tempinho para nós dispara o alarme. Um peso enorme na consciência, quase uma vergonha como se tivéssemos sido apanhados em flagrante a ir ao pote das bolachas a meio da dieta...
O clique!
O ponto de partida para a mudança foi o agendamento do batizado da Maria: "caraças que eu não hei de ir vestida de saco de batatas com pernas: preciso de perder peso JÁ!".
Já andava a fazer umas contenções alimentares e tinha conseguido mandar uns 4 kg à vida, mas com 68 kg no início março de 2014, e com o batizado agendado para abril, já não me restavam muitas opções. Entra em ação o plano da dieta radical, daquelas com acompanhamento da nutricionista, onde te vendem tudo o que vais comer do pequeno-almoço, ao almoço, lanche, jantar e ceia. Desfecho? Muito dinheiro gasto, mas resultado proporcional em peso perdido, ao fim de um mês, menos 8 kg.
Na consulta em que atingi o objetivo do peso (menos 8 kilos) a nutricionista diz-me que é hora de começar a fazer exercício. Segue-se uma tentativa de regressar ao ginásio, aproveitando a hora de almoço. Um mês foi o suficiente para perceber que não dava, e como o final de dia é para estar com as crianças, de regresso à estaca zero.
Eis senão quando, numa bela noite de verão, depois de um jantar em família, a minha cunhada diz que vai sair para uma caminhada, vai deixar as crianças com o pai e convida-me a fazer o mesmo. E eu... fui!
Fui nesse dia, no dia seguinte instalámos a aplicação e voltámos a ir juntas, com o objetivo de fazer cerca de 1h de exercício, entenda-se caminhada a ritmo acelerado. Fiquei entusiasmada com a aplicação a dar-me a distância, a velocidade, e a mostrar os progressos, os recordes superados, uau!!!!!
Estratégia adotada: deitar as crianças, ou acordar antes delas e sair para uma caminhada a passos rápidos (os mais rápidos da minha vida) - perfeito!