O fim das dietas! #9
Se não me falham as contas fiz 6 dietas diferentes (algumas repeti em diferentes ocasiões). Fui durante alguns anos um caso típico da miúda das dietas iô-iô: perde peso durante a fase de acompanhamento nutricional, deixa de ser acompanhada e recupera todo o peso e mais uns gramas de bónus. Been there, done that.
A primeira tentativa de dieta foi uma verdadeira anedota! Tinha começado a trabalhar havia pouco tempo e ainda partilhava casa com duas colegas. Uma delas teve conhecimento da dieta da seiva. Comprava-se a seiva líquida numa ervanária, diluía-se em água e depois era só substituir refeições pelo líquido. Desejosas de sucesso imediato optámos pela modalidade radical: todas as refeições substituídas, e só bebíamos seiva ao longo do dia.
Durou 2 dias e meio… Estávamos de tal maneira famintas que ligámos para a uma pizzaria com entregas ao domicílio, pedimos uma pizza familiar e não ficou nem uma migalha para contar a história. No lugar das migalhas, ficou uma valente má disposição. Fim da dieta.
As outras dietas já foram menos absurdas. Umas apenas com visita à nutricionista e um plano alimentar com gramas para a carne, o peixe, arroz e massa medidos à colher, líquidos religiosamente medidos e as visitas de policiamento para garantir que os deslizes não eram muitos. Outras dietas tiveram direito a suplementos, comprimidinhos milagrosos para redução do apetite, vitaminas para as carências, blá, blá, blá. Numas atingimos o objetivo, noutras nem tanto. Até à época do bikini o assunto ficava tratado e já podia abrir as hostilidades às Bola de Berlim, aos gelados, ao pão bem engordurado da sardinha assada, à sangria bem docinha e outros que tais. Perde kilos, ganha kilos. Isto para mim era o registo ideal! 3 meses a penar, 9 meses à larga!
Mas os metabolismos também sofrem crises de humor, e há um momento em que se zangam e deixam de aturar esta ramboia. Querem ser respeitados e deixam de responder com a mesma eficácia aos cortes temporários…
Durante a minha última gravidez, abusei. Mas quando digo que abusei, abusei mesmo muito. Eu costumo dizer que “tenho uma cabeça gorda” ou “penso gordo”. Gosto de comer, gosto de encher a barriga com comida que só faz mal.
Para mim as pessoas podem dividir-se em 3 categorias: há as pessoas “eu nem ligo muito a doces, o pior é o pão”, há as pessoas “o meu mal são os doces, sei exatamente onde tenho de cortar” e por fim há as pessoas “o meu mal é gostar de comer de tudo… e muito”, onde me incluo. Com carinho e a propósito desta minha aptidão para enfardar recordo o anúncio da Planta dos anos 80, em que o entrevistador pergunta “Quem é gosta mais de Planta lá em casa?” e a lady responde “Ai, sou eu! Sou uma lambona!”.
https://www.youtube.com/watch?v=iYdhtiHIAkE
Pois aqui a lambona, durante a gravidez da Maria fazia, com regularidade, lanches de crepes com morangos e chantilly, tijelas de papa maizena bem açucarada, torradas com manteiga de vaca a deitar pingo, e tudo mais o que apetecesse. Ora já dizia o ditado “no comer e guerrear, o mal é começar”. No final da gravidez tinha mais 12 kilos. Até nem era assim um grande disparate, não fosse ter tido a Maria e ter continuado a comer no mesmo registo. Feitas as contas, 6 meses depois o parto continuava com uns magníficos 72kg.
Como amamentei durante 9 meses também não me podia dedicar a uma dieta muito radical, ainda assim não fossem faltar nutrientes no leite materno. Mas foi ainda neste período que tomei conhecimento da Dieta dos 31 Dias, da Ágata Roquete e comecei a seguir algumas receitas que contribuíram para o fim das minhas dietas e o início da minha reeducação alimentar.
Nós alimentamo-nos mal. A sociedade em que vivemos, que privilegia micro-ondas e fast-food, que nos oferece embalagens de snacks para todas as ocasiões, a falta de vontade, de paciência e de tempo efetivo para arranjar legumes, leva-nos com facilidade a optar só pela cozedura da massa e do arroz, pelo molho da embalagem e pela bolacha do pacote. Dá trabalho comer diferente, mas é fundamental que o façamos, pela nossa saúde e daqueles que alimentamos. É só uma questão de hábitos, de mudar a lente sobre o que são as nossas opções de refeição.
Não sou nutricionista, mas sou informada o suficiente para perceber que pela via mais fácil envenenamo-nos facilmente com excesso de açúcares, de gorduras saturadas, de sal, hidratos de carbono em geral. E os excessos acabam com a nossa qualidade de vida, com a nossa auto-estima, os excessos matam.
O meu desespero para perder peso rapidamente antes do batizado da Maria, levou-me a optar uma vez mais por uma dieta radical, onde tudo o que eu podia comer vinha em saquetas, pacotes, caixas e caixinhas da marca da dieta. A verdade é que perdi 8 kg num mês. A verdade também é que já me tinha mentalizado que as receitas da Dieta dos 31 Dias tinham entrado lá em casa para ficar. A verdade é que espero que tenha sido a minha última dieta.
É assim que eu acho que acabam as dietas. Quando descobres alternativas. Quando naturalmente começas a substituir lanches e snacks que eram de bolachas, batatas fritas, pães-de-leite, iogurtes com cereais, pão com nutella e afins, por palitos de cenoura com fiambre, queijinhos magros com pão de centeio, papas de abacate com flocos de aveia, queijo quark com sementes, tostas integrais com atum em água, etc. Quando os legumes salteados, assados, cozidos ou crus assumem o seu lugar à mesa como qualquer outro membro da família, sempre presente, em vez da cesta do pão, da sobremesa e do refrigerante.
Estes são pequenos, micro, exemplos de coisas que, entre muitas outras, com o hábito se adquirem e já não se perdem, coisas que se ganham e das quais já não se abdicam, porque aprendemos a gostar delas e a simplificar.
Quando intensifiquei a atividade desportiva senti necessidade de procurar aconselhamento nutricional adequado para combater a fadiga para potenciar o aumento da massa muscular e a diminuição da massa gorda. Foi outra aprendizagem, outro passo na minha reeducação alimentar, entre Dezembro de 2015 e 25 de Agosto de 2016. Neste período trabalhei para um objetivo de massa muscular e massa gorda que finalmente atingi. Agora cabe-me a mim tirar o melhor proveito daquilo que aprendi que funciona com o meu organismo para estar onde eu acho que mereço e manter-me por aqui.