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Um passo nunca vem só

Um passo nunca vem só

Eu posso tudo o que quero. #18

Muitas vezes estamos insatisfeitos, acho que é natural e saudável a insatisfação, faz parte da natureza do ser humano. Se estamos insatisfeitos é sinal que estamos vivos, que sentimos.

 

Durante uma boa temporada sentia-me insatisfeita com o meu peso, com o meu corpo. Estava insatisfeita e cheia de certezas que me faziam resignar. Acreditava que a maternidade mudava o nosso corpo de forma irreversível. O estar mais pesada, o ter perdido as formas com que sempre me conheci, eram para mim um dado adquirido como uma inevitabilidade.

 

Acreditei durante muito tempo que o facto de ser uma cabeça gorda, o facto de gostar de comer muito e tudo, nunca me permitiria voltar a vestir uns números abaixo. Acreditei durante muito tempo que a rotina casa – filhos – trabalho nunca me deixaria espaço, tempo e vontade para me dedicar a nada que me desse mais prazer.

 

Depois veio o clique, o querer. A vontade de perder peso, pelo menos de tentar. E seu quis isso, só eu sei o quanto quis. E de tanto querer consegui perder os primeiros quilos. A seguir instalou-se outra vontade, a de perder alguma flacidez. Foi quando comecei a fazer caminhadas (não foi noutra encarnação, foi em julho de 2014). E de tanto caminhar chegou a vontade de acelerar o passo, ao ponto de começar a correr.

 

Quando começas a perceber os resultados, o querer aumenta. Chama-se motivação, é uma coisa que vem de dentro de nós, não se compra, não se inventa, não se encomenda, instala-se.

 

Corres os primeiros 5km, e motivas-te a corre-los mais depressa, a correr os primeiros 10km, os primeiros 12 km, os primeiros 21 km, os primeiros 36 km, os primeiros 42 km (e não foi noutra encarnação, foi em outubro de 2015). Só porque sim, porque podes e porque queres.

 

E chegas à conclusão que só não consegues o que não queres, só não atinges aquilo a que não te propões.

 

Hoje faltam 4 dias para os 42km de Barrancos. Hoje pensei nisto e só queria deixar escrito que os quero fazer, mas quero mesmo muito e a não ser que me magoe à séria, nada mesmo nadinha se mete entre mim e aquela meta. Venha chuva, venha lama, venha vento, venham subidas e descidas, escarpas, rochas, paus e pedras, venham quedas, dores de pernas, de costas ou de alma, venham minutos e horas, muitas horas, as que forem preciso, nada mesmo nadinha me impede de cruzar aquela meta com a certeza de que só uma coisa me levou até ali: eu-posso-tudo-o-que-eu-quero.

 

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