Se te custa correr, porque é que corres? #51
Isto de correr, tem muito de penar. É verdade e quem disser que não, está a mentir.
E por isso é legítima a pergunta: MAS POOOORQUÊEEEEEEEE?
A determinada altura todos nos perguntamos isto. E hoje deu-me pra isso. Ia a correr, a penar e a pensar: “porquê?”. Por que raio uma pessoa se submete de livre vontade a tomar uma ação que sabe que lhe vai custar, que lhe sai do pelo. Nem tinha a desculpa de me ter comprometido com alguém, ou de me sentir na obrigação de responder a um objetivo marcado, nada.
E cheguei a uma conclusão simples: a isto chama-se ter um propósito.
- Porque é que vamos estudar (já naquela fase em que o ensino não é obrigatório), sabendo que vamos queimar as pestanas, que vamos fazer serões agarrados aos livros, aos trabalhos?
- Porque é que escolhemos trabalhar, quando podemos viver encostados a alguém, ou ao rendimento mínimo?
- Porque é que nos casamos, se podíamos viver solteiros e não ter de abdicar, nem ceder, nem partilhar?
- Porque é que temos filhos, se podíamos não ter de cuidar de ninguém, nem de limpar cocós, nem de passar noites em claro, nem de andar sempre com o coração nas mãos.
Porque temos uma expectativa e temos um propósito.
Porque acreditamos verdadeiramente que, de alguma forma, todas estas coisas que não são só rosas, em algum momento nos acrescentam. E com a corrida é igual. Há ali alguma coisa que nos acrescenta. Não é igual para todos, não acrescenta o mesmo, nem de igual forma. Mas acrescenta. Tal como estudo, trabalho, casamento e filhos a corrida traz-nos coisas boas para o corpo e para a cabeça.
E enquanto sentimos que o balanço é positivo, perdoamos o mal que sabe pelo bem que faz!