40 anos? Sai um treino de 40km! #58
1 mês me separa da minha última “aventura”.
Ia fazer 40 anos daí a umas semanas e não tinha planos, nem ideias, nem vontade. Fui treinar sozinha e dei por mim a pensar nisso e em como não me revia naquele sentimento. Eu adoro fazer anos, se tiver oportunidade de festejar durante uma semana, faço-o cheia de entusiasmo. E, no entanto, ali estava, a ver a data a aproximar-se e… nada!
Ia fazendo os meus km e pensando “são 40 anos caraças, não há como deixar passar isto em branco, mas é uma terça feira… que dia de caca, mesmo no início da semana, os miúdos com aulas, toda a gente a trabalhar…”
E assim do nada surge a ideia… “40 anos! E se combinasse um treino de 40km??? Não tenho treinado um boi, falta menos de um mês, deve ser das ideias mais parvas… mas era desafiante…” Deixei a ideia ficar ali naquele cantinho das ideias que ainda precisam de um bocadinho de consistência para estarem minimamente capazes de serem partilhadas: que percurso, com quem, a que horas, com que tipo de autonomia/apoio. Ali esteve a fermentar.
O mal foi levantar a ponta do pano e olhar para ela outra vez, já de banho tomado, com aquela sensação de “isto sabe tão bem depois do treino feito”.
Não podíamos ser muitos… o percurso podia ser terra batida, mas isso dificultaria ter um carro de apoio connosco, logo o alcatrão que tornaria mais fácil o apoio, não era o ideal para um grande grupo. Eu que engraço com isto do significado dos números pensei que tinha a sua piada sermos 7 ou, eu mais 7, já que ia acontecer a 7 de janeiro. O desafio seria encontrar 7 pessoas disponíveis na manhã de um dia de semana… achava eu.
Ainda a achar a ideia disparatada mandei-a ao ar com o João Tomáz. Falei no dia 7, não especifiquei o mês. Ele que a 7 de dezembro estaria nos Açores, caiu-lhe de tal modo em graça a ideia dos 40 anos / 40km que logo depois da resposta inicial “já me estás a meter em apertos” começou a falar na hipótese de não ir aos Açores. Descobrimos a tempo que estávamos a falar de meses diferentes!
O Campeão respondeu ao convite com um simpático “que remédio”, a Ana Vieira Lopes “conta comigo”, o Pimpão “terei todo o gosto em acompanhar”, a Rita “vamos pois”, a Maria “posso ir contigo amiga” e o Ico “achas que falhava este convite?”. Todos difíceis de convencer, portanto…
Felizmente “as minhas pessoas” são daquelas que quando um diz “vamos?” o eco por norma é “vamooooooos”. E assim enquanto o diabo esfregava um olho tínhamos o Esquadrão 40 montado.
Passo seguinte ligar à mãe e falar com a amiga Elsa para serem o nosso carro de apoio. Nem pestanejaram <3. Aliás, foi falar na ideia à Gabriela e à Luísa e começar a receber propostas para ter fotógrafa à partida e comitiva de boas vindas à chegada: o universo conspirava a favor.
A maior surpresa foi na véspera ver o meu paizão chegar cá a casa quando me tinha dito que teria que ir trabalhar e só vinha no próprio dia, mais tarde.
Ponto de encontro marcado. Percurso definido: ir e voltar à Azaruja, a localidade onde vivi os últimos 13 anos e onde os meus filhos nasceram. A mãe deixa os meninos na escola. O pai leva-me à partida com o carro carregado de material para os abastecimentos: cervejas, águas, marmeladas, snacks diversos.
Chapa de partida tirada e lá vamos nós. O carro de apoio sempre por perto, a Elsa no registo fotográfico, o meu pai ao volante.
Instalou-se a galhofa, começaram a puxar por mim e sai nada mais nada menos que a cada quilómetro, um pequeno episódio de ilustração da minha vida. 40 km em modo storytelling que sacou muita gargalhada.
A primeira paragem faz-se aos 22 km já no pelourinho da Azaruja. Saca-se do farnel e vai de hidratação. Mais umas chapas e toca a regressar a Évora. Aos 30km começou a pesar, faz-se mais uma paragem breve para hidratação e reposição energética. O normal. As dores de crescimento chegam a todos, a cada um de sua maneira. O relato continua e, já a avistar-se os 40km, vemos os balões e a claque que nos esperava em êxtase.
Foi tãaaaaao bom!
Esperavam-nos abraços, sorrisos, balões, espumante e copos para um brinde aos meus 40 anos, aos nossos 40km.
Á conta desta brincadeira, os amigos, convencidos que eu gosto de correr, presentearam-me com os mimos mais diversos: a Maratona de Aveiro (Abril), os 100 km de Abrantes (Outubro) e os 60km do EPIC nos Açores (Dezembro).
É caso para dizer que este novo escalão, este novo ciclo da minha vida está aí para me desafiar, para me transformar, para garantir que me afasto de tudo o que é pouco, porque pouca coisa ninguém merece.