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Um passo nunca vem só

Um passo nunca vem só

Ó mãe que corres... #56

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Nunca percas a capacidade de cuidar da pessoa, 
da mulher que existia antes da mãe. 
Não confundas caprichos, com necessidades. 
Acredita. 
Faz planos. 
Persiste. 
Rodeia-te das pessoas certas. 
Segue os teus sonhos e projetos. 
Faz isto tudo com uma asa. 
Na outra asa leva os teus filhos. 
Quando chegar a vez deles, 
saberão exatamente como se faz, 
porque viram acontecer.

Um Passo Nunca Vem Só

Porque é que os miúdos gostam de uma mãe corredora - 3 factos indesmentíveis #10

A mãe da Maria sempre correu. Quero com isto dizer que comecei a correr quando a Maria tinha pouco mais de um ano, agora com 3 anos, lembra-se desde sempre de me ver equipar e sair para os meus treinos e provas. Assim que me vê calçar os ténis, não se abstêm de me perguntar “mãe, tu não vais correr?”.

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Com o Mateus foi diferente, até aos 5 anos teve uma mãe dedicada às rotinas casa-trabalho-trabalho-casa, a quem apertava a barriga gorda e adorava perguntar se estava grávida e que, de repente passa a ter a mais qualquer coisa na agenda, que a faz sair de casa e não estar 100% às ordens dos pequenos e adoráveis críticos ditadores.

 

3 e 7 anos são aquilo que muitos chamam “idades complicadas”, na verdade todas serão, todas terão as suas complicações, mas estas são exigentes, são birrentas, são muito dependentes, mas também são muito plásticas, moldáveis, diria eu.


Se me perguntarem se eles não reclamam quando percebem que vou sair para treinar ou para uma prova, claro que sim, muitas vezes (sem dramas) e ainda bem! Não sou dispensável, nem substituível na vida deles – sou A mãe. É suposto que sintam a minha falta, que reclamem assim como é perfeitamente natural que ainda não percebam o bem que faz à mãe ter “os seus momentos”.

 

A logística e o suporte familiar que isto implica (e que sei que nem toda a gente arranja com facilidade) é outra matéria, não menos importante, mas não sobre o que quero escrever hoje. O que poderá interessar é que com 3 e 7 anos ainda não tiveram de ficar sozinhos para a mãe ir correr! Nem perto disso. Ficaram sempre muito bem acompanhados ou pelo pai, ou pelos avós e bisavós, ou pelos padrinhos, ou por uns amigos 5 estrelas, ou pela ama, ou simplesmente na escola e em atividades extracurriculares. Nunca, por um segundo, lhes faltou nada pelo simples facto de eu estar a correr. Poderá ter-lhes sobrado frustração por não me conseguirem demover, mas capricho, por capricho, que ganhe o meu que também mereço.


Reclamações e caprichos à parte, os meus miúdos gostam da mãe corredora que têm há 2 anos, senão por mais motivos, pelo menos por estes três que se seguem:

 

  • Eles fazem parte do meu mundo da corrida. Há muitas maneiras de fazer isto. Em alguns treinos eles podem correr também ou acompanhar de bicicleta, trotineta e afins. Dependendo do circuito onde se corre, é possível estar a fazer um treino e tê-los por perto e claro antes do exercício terminar, fazer um sprint onde eles ganham (e a mim não me resta senão continuar a treinar para os superar…). O Mateus particularmente, com 7 anos, consegue com facilidade fazer 30 minutos de exercício entre corrida e caminhada. Não acontece com regularidade, mas já aconteceu uma ou duas vezes, em grupo, e ele adorou. Por outro lado, não raras vezes, em particular as provas de estrada, já têm também programa para a pequenada, corridas infantis, em que os miúdos adoram participar. É uma questão de lhes ir dando também oportunidade de se integrar no meio. E convenhamos é uma coisa fácil de lhes explicar (infinitamente mais do que aquilo que fazemos no trabalho, por exemplo!). Quando não se podem integrar de maneira tão efetiva na corrida, como é o caso da Maria ainda com 3 anos, não raras vezes, é no pós-treino que “brincamos à ginástica” e alongamos os três em grande galhofa. Além disso podem sempre ir esperar-nos aos metros finais de uma prova, acompanhar-nos, aplaudir, gritar por nós e ver-nos cortar a meta com aquele ar de satisfação de quem acaba de se sagrar atleta olímpico medalhado, ainda que tenha chegado nos 10 últimos!

 

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  • Mãe que corre em grupo faz novos amigos… e os filhos também! Ora porque a prova, ou treino longo combinado com o grupo mete almoçarada, ora porque há um aniversário e a corrida mete bolo no final, ora simplesmente porque é preciso hidratar no pós treino, a verdade é que a vida do corredor de rua tem muito de… boémio! Se calhar não é preciso chegar a tanto, mas o convívio faz parte da corrida em grupo e naturalmente os miúdos estão, sempre que possível incluídos. Onde há muita gente, acabam por haver também outras crianças e com isto ganhamos a sua bênção. Quando à pergunta “vão haver outros meninos, mãe?” a resposta é afirmativa, então podemos ir correr e o mais depressa possível para que o convívio não tarde.

 

  • Eles acham que tenho SEMPRE hipótese de fazer pódio e, em todo o caso, adoram as medalhas de finisher. “Ganhaste mãe?”, esta era a pergunta milionária sempre que regressava a casa vinda de uma prova (2 anos depois já não é tão frequente!). É difícil perceber como raio é que tanto treino não dá direito a ir às provas fazer pódio e aquela máxima do “o que importa é participar” é uma seca. Mas a verdade é que as medalhas de finisher já lhes fazem as delícias. O Mateus já chegou a carregar umas quantas para a escola para mostrar orgulhoso, aos colegas, os feitos da mãe. A Maria prefere usá-las como colares majestosos nas suas indumentárias de princesa. Dão para todos os gostos.

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Qual é o miúdo que não adora correr? Eles compreendem-nos, não nos julgam, serão sempre os nossos fãs da primeira linha. Mais do que tudo não merecem ser “usados como desculpa”, disso é que é eu não me perdoaria.

 

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